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De Angola com lágrimas nos olhos me despedi.
Aqui, a dor e a fúria recebi.
Olhei para alem mar, e quis saber quando isso ia acabar!
De Angola contra a minha vontade me apartei.
Noites e dias, no navio negreiro chorei.
Nem sol, nem lua no sujo porão.
Quanta dor poderei suportar no coração?

Livre e solto nasci e cresci.
Agora sigo um caminho que não escolhi.
Oh, dor! Oh, amargor!
O que leva a tanto desamor?
Humildade, humildade, humildade.
Adeus orgulho e vaidade.
O que ainda tenho que aprender?
Perdoar, perdoar, perdoar.
Lentamente aprendi amar.
A chibata a carne maltrata.
Carne machucada, alma agora lavada.
Adeus soberbo! Bem vinda humildade!
Adeus rancor. Bem vindo AMOR!
Senhores e feitores a vós eu perdôo.
Negro ou crioulo, como queiram,
Sou na realidade Filho de Deus!
Seus grilhões me prenderam,
Suas senzalas me cercearam.
Mas agora livre estou!
Pois a consciência descansa em Paz!
E a vós agradeço, pois dos males interiores me libertei.
Agora rogo a Deus por vós:
Perdoe a todos Senhor, pois eles não sabem o que fazem!
Assim aprendi com Nosso Senhor.
Sou livre! Sempre fui! Hoje entendo,
A verdadeira liberdade vem da consciência tranqüila.
Sou preto, sou velho, sou negro ou crioulo.
Mas antes de tudo, sou teu irmão em Cristo, grande é nossa família.
Não choro mais pela África. Agora sei que sou cidadão do Universo.
E no Brasil em noites melancólicas, olhei para o céu.
Olhei como nunca fizera em minha terra natal.
Vi então o luminoso cruzeiro, que clareia esta terra.
OBRIGADO SENHOR!!!!!!!!!
Pai Rosário.

 
   
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